sábado, 16 de outubro de 2010

Dia 8

O barulho de ontem, aparentemente, não era nada. Então posso resumir os outros sete dias.
Já dentro da quitinete, eu, Anna e Márcio não tínhamos uma visão muito ampla de tudo, pois a única janela dava para outro prédio. Então recorremos à televisão. Só deu tempo de ver pouco mais de duas horas de noticiário, e só em um canal – por causa da droga da antena interna de porcaria da TV do Márcio.
O jornal local disse que os mortos estavam literalmente se levantando. No IML, nos cemitérios, em cenas de assassinatos. O apresentador disse várias e várias vezes que aquilo não era uma brincadeira e só acreditamos nas imagens porque já tínhamos visto a confusão na rua.
Antes de a emissora sair do ar, conseguimos ver algumas imagens de pessoas sendo atacadas, de acidentes… Depois entrou aquele aviso escrito, chato, dizendo que o sinal logo seria estabelecido. De lá pra cá, mais nada de TV. Rádio não tinha na casa do Márcio (mas quando pudemos verificar, também estava mudo).
Tentamos falar com os vizinhos, berrando pela janela. Ninguém respondeu - ou todos tinham ido embora ou estavam com medo de responder.
Fato é que ficamos dentro da quitinete por três dias seguidos, de portas fechadas. Todos morrendo de medo. Ouvimos barulhos, vez ou outra, mas permanecemos quietos. Ainda não imaginávamos (ou não queríamos aceitar) que os arredores do prédio, a rua, a cidade inteira estava repleta de mortos-vivos.

Ainda não tínhamos esbarrado com nenhum deles. Mas as sardinhas e pipocas da quitinete do Márcio já tinham acabado. E quase 24 horas sem comer fez a gente se desesperar. Fez a gente sair dali. Foi só então que a gente deu de cara com um zumbi, com um morto-vivo, seja lá que nome posso dar para aquilo…

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