domingo, 20 de fevereiro de 2011

Dia 53

Faz um tempo que não escrevo porque quase perdi as esperanças. É a verdade nua e crua. Eu e Anna estamos em uma chácara, não há comida e a água que sai do cano está suja. E por uma burrice de minha parte, acabei com o sofrimento de uma velha amarrada, possuída, para então atrair mais carnívoros com o tiro.

Acho que a casa está cercada por uns 100 (talvez mais que isso) mortos-vivos. Nosso carro está lá fora, próximo à porta de entrada – algo que nos acostumamos a fazer para o caso de emergências (os perrengues passados nos ensinaram).

Vamos ter de sair daqui. Eu e Anna estamos morrendo de fome... Mas antes isso do que virar almoço dos carnívoros. Hoje cedo, estava pensando justamente no quanto deve doer ter uma parte de sua carne mordida com força e rasgada. Morrer assim, a dentadas, deve ser quase tão terrível quanto ver sua pele pegar fogo.

Ontem tivemos que lutar contra dois zumbis que entraram pela porta dos fundos (a massa, empurrando, conseguiu arrombar a tranca). Ali pensei que iríamos para o beleléu (acho que é a primeira vez na vida que escrevo essa palavra... “beleléu”).

Por sorte casas em fazendas têm aquelas tranças com um toco forte de madeira... E só ela aguenta a porta dos intrusos.

Só estamos animados em sair daqui porque recebemos mensagem de mais um sobrevivente que nos achou na internet. O nome dele é Luciano Carnicer. Está em Tatuí. Ao que parece, a cidade virou um inferno e ele luta sozinho para sobreviver. Não sei o que eu faria se estivesse só.

Vamos ter de sair daqui... Não tem jeito. Ao que parece, não dá para ficar parado em uma casa por muito tempo. É aquela velha história: os zumbis são lentos, mas eles acabam te cercando.
Contador de visitas