quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Dia 16 (noite)

Desci as escadas como um doido. Tiros do lado de fora da casa. Só pode ser a Anna, pois não vimos ninguém até agora. E se ela está atirando, temos problemas, pois ela sempre se negou a segurar uma arma.

Quando eu cheguei do lado de fora, na frente da casa (a casinha de empregados estava à esquerda e a piscina à direita), encontrei Anna em pé, com uma pistola nas mãos. Mas não tinha nenhum morto-vivo lá. Tirando o Jarbas, que ainda estava preso no quartinho e gemendo mais alto por causa do cheiro e do barulho dos tiros.
Anna atirou em três latas que ela colocou do outro lado da enorme piscina. E pelo visto, acertou todas elas depois de gastar sete balas. Ela acertou!

Antes mesmo que eu questionasse a arma em suas mãos, ela explicou que um parente morreu com um tiro e sempre odiou armas de fogo por causa daquilo. Mas que agora não era hora para pensar nisso, pois precisa se concentrar naquele futuro apocalíptico. Também explicou que treinava em uma chácara de amigos com uma pistola de chumbinho quando era adolescente. “E eu era uma das melhores”, disse. “Atirar com isso aqui não tem muita diferença... Então, que venham eles!”.

Anna está mudada. Acho que todos nós estamos, em algum nível. Acertar bala na cabeça dos outros, mesmo que estes já tenham morrido um dia, não é lá muito construtivo. Mas tem de ser feito.

Anna me ofereceu uma ideia muito louca. Pior que aceitei. Vamos trazer o Jarbas aqui pra fora. Vamos encontrar cara a cara nosso morto-vivo preso no quartinho.  

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