terça-feira, 16 de novembro de 2010

Dias 24 a 26

Não tive muito tempo de escrever nos últimos dias, assim, resumo o que se passou – pois foi uma verdadeira loucura.

A Karen está conosco. Já explico como a Karen veio parar aqui – a mulher do outro lado, que subia no telhado.

Depois que Anna desceu do telhado – foi mostrar seus cabelos curtos para a vizinha, até então desconhecida –, não mais a vimos e passamos a noite aqui, deitados na sala. Discutimos o que faríamos, pois não poderíamos ficar em um só conto por muito tempo. Dormimos pertinho um do outro e fomos acordados ao mesmo tempo por uma pequena explosão – era o que pensávamos na hora, e estávamos certos.

Mal chegamos do lado de fora e vimos o fogo no fim da rua. Uma pancada de carnívoros (Anna gosta de chamar os mortos-vivos assim) seguia pra lá. E quando achávamos que não seríamos surpreendidos por mais nada, eis que surge Karen, pulando “nossa” grade com uma desenvoltura que dificilmente vou ver de novo.

Ela nos apareceu e disse naturalmente, como se já nos conhecesse, “eles também são atraídos pelo barulho. Vamos entrar ou esperar que eles voltem para frente da grade?”. Simples assim.

Já dentro da casa, Karen explicou que improvisou um coquetel molotov e atirou para aquele lado, distraindo os zumbis. Antes que eu perguntasse, ela disse que foi criada com cinco irmãos e três primos. Eu mesmo não saberia como fazer um. Pelo menos até conhecer essa doida que invadiu nossa casa. Karen é descendente de japoneses, mas com traços bem leves. E gostei do jeito que se veste. Saia curta, bota de cano longo... Roqueira, com certeza. Por enquanto, posso escrever o que eu quiser dela, pois, assim como Anna, Karen tem uma certa aversão à computadores e não sabe o motivo de eu estar fazendo todo esse relato. Talvez por isso as duas ficaram tão juntas nos dois últimos dias.

Aliás, nesses dois últimos dias contamos nossas histórias. Karen estava em casa, com a família. Viu um deles voltar estranho (para não dizer morto). E viu cada um deles ser mordido, viu cada um deles se transformar nessas coisas que hoje andam sedentos pelas ruas. Disse que tentou fugir, mas só conseguiu fazê-lo depois de "matar" o próprio irmão com um porrete. Acho que ali ela pirou um pouco mais do que já era. Mas juntou os cacos, passou na casa do tio, se armou, mudou de esconderijos. Devo dizer que fez um belo trabalho até aqui.

Resolvi finalmente sentar e escrever por causa da última de Karen. Ela trouxe com ela apenas a mochila e a espingarda. E depois de comer as duas latas de sardinha que trouxe consigo, notou que temos pouca comida aqui na mansão que achamos. Disse que temos de ir embora – o que eu já tinha notado, mas estava criando coragem para executar.

O problema é que o barulho do coquetel molotov atraiu mais deles. Muito mais. Olhando de cima do telhado, posso contar uns 200, pelo menos. E a maioria já não vaga apenas, fica à espreita no portão, olhando pra cá. Sabem que estamos aqui. Notaram que tem carne no pedaço.

O plano de Karen para sairmos daqui é, no mínimo, inusitado. Envolve um botijão de gás e só espero que não dê merda. Espero que realmente consigamos sair daqui. 

Um comentário:

  1. Varrer a saida com uma explosão de botijão é complicado, acerte o tiro na válvula, se acertar o corpo em sim a bala ricocheteia ou so fura fazendo vazar o gás. Parece que vou ter que fazer isso por aqui tbm, um visitante trouxe outros "amiguinhos" come ele... Boa sorte para vocês!

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