domingo, 21 de novembro de 2010

Dia 28

Só contando por aqui é pouco. Só eu, Anna e Karen, que vimos tudo, tivemos ideia do que foi aquilo. Ontem decidimos sair da casa – a comida está quase no fim. Partimos de lá para algum lugar incerto. Mas o que interessa mesmo é a forma que saímos.

Já tinha mencionado aqui que a Karen é completamente maluca. Mas devo admitir que sua loucura tem uma certa lógica. Quando ela me explicou o plano do botijão de gás, não pensei que daria certo.

Preparamos o carro e as mochilas e decidimos fazer tudo no início da noite. A antiga Grand Cherokee foi posicionada de frente para o portão. Anna estava ao volante, eu em cima do telhado com a espingarda e Karen sobre uma escada que montou perto ao portão. De lá de cima, a doida jogou o botijão de gás na rua. O mesmo estava com um pano amarrado, embebido em gasolina – ao qual ela ateou fogo antes de empurrar. Me repetiu quinze vezes que eu tinha de acertar um tiro no botijão, quando ele rolasse para longe, antes que o fogo se apagasse. Precisei de dois tirou.

Vocês não têm ideia de como é a explosão de um botijão, assim, tão de perto. Uma bola de fogo subiu em menos de um segundo e o impacto de ar quente me atingiu em seguida, quase me derrubando do telhado. A pancada abriu um buraco no chão da rua e um “buraco” na massa de mortos-vivos que se apinhavam ao redor da casa. Quando consegui me aprumar, vi, antes de saltar sobre o carro, pelo menos quinze zumbis descendo a rua tomados pelo fogo – aqueles que não foram despedaçados completamente.

Quando me sentei no banco de passageiros, Karen já abria o portão. A explosão afastou vários zumbis da porta e, acredito eu, o barulho e o fogo, mais abaixo na rua, chamaram a atenção da maioria, pois estavam se encaminhando pra lá. Era a chance que tínhamos. Anna acelerou forte e saiu da casa, atropelando os que sobraram no caminho. E Karen pediu, com gestos, que fôssemos mais à frente. Assim Anna fez, andando por mais uns dez metros, onde não havia quase nenhum zumbi – e a nissei poderia entrar com maior tranquilidade.

Karen ficou com a escopeta. E precisou usá-la, pois vários mortos-vivos esqueceram do fogo e do barulho do botijão, deram meia volta e foram para cima dela. Acho que dificilmente vou ver alguém lutar com tanta ferocidade. Karen inutilizou três deles com tiros, acertou dois com coronhada e precisou empurrar mais uns sete que a rodearam para conseguir escapar. Anna e eu ficamos petrificados assistindo à cena, pois quase assistimos ela sendo cercada. Mais alguns segundos e ela não chegaria ao carro.

Anna trocou de lugar comigo e seguimos o caminho do aeroporto, pois combinamos que era mais largo e poderíamos decidir o que fazer de lá. Mas essa não foi minha preocupação nessa noite. Olhando no retrovisor, tive a impressão de ver Karen enrolando um lenço no antebraço. Ela foi mordida, tenho certeza disso. Merda! Ela foi mordida...

2 comentários:

  1. Putz, kra, que loucura!!!
    Cuidado com ela então e observe atentamente os sinais de infecção.

    Aqui continua tudo bem, apesar da chuva ter alagado vários bairros de Montes Claros. As ruas ficaram uma podridão só com lixo e restos humanos boiando. (ainda bem que achei um Troller rsrsrs)
    Só saio prá buscar comida e volto rápido.

    Muitos sumiram, o que será que aconteceu?

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  2. Cara com mordida a transformação é rapida, fique atento, mesmo, muito atento, enquanto estiver "viva" ela pode ajudar com mão de obra e com tiros mas se começar a ter febre alta e ficar pálida... sinto muito mas vc sabe o que tem q fazer.

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