segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Dias 49 e 50

Cinquenta dias cercado de mortos-vivos. Não sei como chegamos até aqui, mas eu e Anna estamos vivos. Nos encontramos em uma fazenda, que era de um colega. E quando achávamos que estávamos longe dos zumbis (áreas urbanas tinham menos gente), nos deparamos com um monte de carnívoros do lado de fora.

Pensei que Anna não queria participar, mas acabou indo comigo lá fora nesses últimos dias. Uma espécie de caça. Limpar o terreno, como nos acostumamos dizer.

Anna foi armada, de costas para mim. Tinha ordem para atirar apenas em último caso, apenas se o enorme facão que eu achei aqui não desse conta do recado. Preferi usá-lo, pois tiros iriam atrair mais deles, com certeza.

Saímos por volta do meio-dia de ontem. Acho que matamos uns cinco nesse primeiro dia de caça. E quando eles são poucos, é fácil matá-los com um facão. Fácil é modo de dizer, pois sentir o ferro penetrando o crânio ou a carne putrefata me dá arrepios (acho que não vou me acostumar a isso nunca). E matar também é modo de dizer, pois eles já estão mortos. Inutilizá-los poderia ser o termo.

Hoje saímos para inutilizar o restante. Acho que foram sete. Assim como ontem, terminei o trabalho com sangue enegrecido e estranho cobrindo meus braços. Usei óculos escuros e fechei a boca o máximo que pude, pois morro de medo de contaminação. Mesmo assim não consigo me livrar da meleira e, posteriormente, do cheiro. Ele parece impregnado na roupa (que provavelmente vou queimar amanhã).

Minha vontade é de sair correndo, gritando, atirando. Acho que estou ficando louco. Não fosse por Anna, acho que já teria enlouquecido. Por que digo isso? Por causa do que achamos no pequeno barraco do caseiro, a uns quinhentos metros daqui...

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