segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Dia 52

Tive de me organizar com Anna, pois estamos sem comida e presos na casa. Prometi contar, nos últimos dias, sobre o que encontramos na casa do caseiro, aqui perto. O fato é que ficamos tão abalados e tudo foi tão corrido que me esqueci um pouco da internet...

Quando saímos para exterminar alguns carnívoros, nos deparamos com uma cena aterradora na casa do caseiro, a uns 500 metros do local onde estamos. Cheguei a conhecer o “faz tudo” daqui quando visitei meu amigo. Ele morava apenas com a esposa. Pois lá estavam os dois, na sala daquele pequeno barraco. Vimos tudo pela janela. Aparentemente, a esposa foi amarrada à velha poltrona, possuída ou sei lá o que. E o homem estava jogado ao chão com um tiro na cabeça.

Cena horrenda, mas fácil de entender. Provavelmente Pedro (vou dar a ele esse nome, pois não lembro) viu sua mulher ser infectada. Viu o amor de sua vida se transformar. A amarrou e viu tudo acontecer. Aquilo deve ter deixado ele maluco, pois acabou dando cabo à própria vida. Mas o pior é que ele não teve coragem de matar a esposa antes disso. Assim, ela estava lá, podre, seca, com a língua para fora e os olhos arregalados em direção à carne putrefata daquele que um dia tinha sido o seu parceiro. Condenada a passar uma eternidade ali salivando por sangue.

Aquilo fez Anna e eu parar para pensar, horrorizados. Imediatamente nos imaginamos no lugar dos dois pobres coitados. Imediatamente nos fazemos prometer que, caso acontecesse algo parecido, um acabaria com a vida do outro antes de fazer o inevitável.

Com pena da mulher, resolvemos acabar com aquele sofrimento. Como a porta estava fechada e a barricada forte, o único jeito foi dar um tiro pela janela. Burro, burro, burro! Eu já deveria ter aprendido que não há mais espaço para essas emoções.

O tiro resolveu o problema da velha, mas criou um para gente. O barulho acabou por atrair todo e qualquer morto-vivo que estava pelas redondezas e estávamos a uma boa distância de nossa casa.

Tivemos de correr por um dia inteiro e gastar boa parte de nossa munição para derrubar os zumbis que tentavam nos perseguir. Quando finalmente chegamos em casa, muita bala tinha comido e estávamos exaustos. Já estamos aqui há um bom tempo e a comida foi embora. Pior, a casa da chácara agora está cercada por não sei quantos carnívoros. Só consigo imaginar em Pedro e sua esposa...

Um comentário:

  1. Que bom que á pessoas vivas, já estava me acustumando a viver sósinho longe dessas coisas, mais que mal educado eu fui, meu nome é Luciano Carnicer, estou tentando sobreviver em Tatuí, espero um dia poder encontrar alguem vivo, por favor me atualize, pois sou o ultimo sobrevivente do que um dia foi Tatuí.

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