sábado, 26 de março de 2011

Dia 55

Demorei a postar novamente porque demoramos a achar um novo lugar. Depois que fugimos da chácara, não queria escrever no meio da estrada.

Anna e eu, como havia contado antes, tivemos de sair pela janela lateral, já que a frente estava infestada de mortos-vivos. A casa toda estava cercada, na verdade, mas aquele ponto, onde coloquei o carro, estava abarrotado de carnívoros filhos da mãe.

Tive uma ideia que deu certo, mas poderia ter sido trágica. Cortei todos os lençóis que pude achar em tira e amarrei por todo o corpo, circundando cada parte. Anna e eu ficamos quase que múmias. Se tínhamos que andar no meio deles, que as mordidas não chegassem à nossa carne. E os panos fizeram isso. Mas também nos deixaram lentos.

Nunca senti tanto medo, tanto horror na minha vida. Assim que Anna e eu saltamos da janela, corremos na direção do carro e logo fomos rodeados pelos mortos. Centenas deles Só nossos olhos estavam de fora, pois achamos luvas. Antes não tivessem. Pudemos ver, a centímetros de nossos rostos, pessoas apodrecidas escancarando suas bocarras. As línguas já estavam carcomidas e as gengivas enegrecidas. Cada olhar arregalado sugeria uma fome mortal que nem posso imaginar...

Não quero passar por isso. Não mesmo...

Vários deles nos morderam, mas, como previra, os panos impediram dos dentes chegarem à carne. Para chegar ao carro e entrar, tivemos de nos acotovelar com os mortos. Estávamos mais lentos por causa das bandagens e o percurso de poucos metros nos pareceu um quilômetro.

Agora estamos a salvo e com alguma comida. Estou cansado e juro que escrevo mais tarde. A quem estiver vivo, cuidado. Este mundo não é mais nosso. É dos mortos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contador de visitas